Glaucoma

O glaucoma é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo. Existem vários tipos de glaucoma, com características distintas. Nessa matéria será tratado o tipo mais frequente, o chamado glaucoma crônico primário.  

O glaucoma é caracterizado pelo comprometimento de células que constituem o nervo óptico, o que causa perdas correspondentes de campo visual. Pessoas com glaucoma não percebem qualquer piora da visão nos primeiros anos da doença. Entretanto, com a evolução do glaucoma, ocorre perda progressiva do campo visual periférico, com preservação apenas de uma ilha de visão. Uma pessoa com essa perda de campo visual apresenta grande limitação de suas atividades, com significativa perda de autonomia e de qualidade de vida. O exame oftalmológico permite o diagnóstico do glaucoma mesmo nas suas fases iniciais, e o tratamento precoce evita a progressão da perda de campo. 

Um dos principais fatores de risco para o glaucoma é a pressão intraocular elevada. O amplo reconhecimento desse fato fez com que muitas pessoas acreditassem ser o glaucoma o efeito direto da elevação da pressão intraocular. Apesar do controle da pressão intraocular constituir um dos fundamentos da terapia no glaucoma, é fato bem demonstrado que a progressão da doença pode ocorrer apesar da redução da pressão intraocular para valores considerados normais.

Além disso, estudos demonstram que uma parte significativa dos pacientes com glaucoma não apresenta pressão intraocular elevada. Portanto, existem fatores de risco no glaucoma que não estão relacionados à pressão intraocular. Esse tema foi estudado extensamente nos últimos anos, na medida em que novos instrumentos de medida do fluxo sanguíneo ocular foram desenvolvidos.

Em 2009, a Associação Mundial de Glaucoma definiu a redução do fluxo sanguíneo no nervo óptico como um dos principais fatores de risco no glaucoma. O glaucoma foi então definido como uma doença multifatorial, em que outros elementos, além da pressão intraocular, devem ser considerados. Dentre eles, a maior ênfase foi dada ao fluxo sanguíneo ocular.

Dentre as causas de comprometimento do fluxo sanguíneo ocular, as mais prevalentes são a hipertensão arterial e o diabetes. Ambos provocam lesão da parede dos vasos sanguíneos e perda da regulação do suprimento sanguíneo, que passa a ser insuficiente para a nutrição das células no nervo óptico. Mesmo a hipertensão arterial controlada está relacionada a risco aumentado de glaucoma, especialmente se ocorrem períodos de redução intensa da pressão arterial. Nesses períodos a redução da pressão arterial a valores muito baixos pode comprometer o fluxo sanguíneo no nervo óptico, o que exige ajuste da dose do anti-hipertensivo. Outro fator de risco muito prevalente é a apneia do sono, especialmente em pacientes com sobrepeso. Durante os períodos de apneia, que podem ocorrer centenas de vezes durante a noite, a quantidade de oxigênio sanguíneo diminui, e portanto menor quantidade de oxigênio chega às células do nervo óptico. Como muitos pacientes com apneia são hipertensos ou diabéticos, os fatores de risco se sobrepõem, com maior comprometimento das células do nervo óptico.

Nesse contexto, o adequado tratamento do glaucoma visa a identificação dos fatores de risco existentes em cada paciente. A definição de uma faixa segura para o controle da pressão intraocular, assim como a escolha pela medicação antiglaucomatosa e outras condutas referentes aos demais fatores de risco relacionados ao glaucoma devem ser feitos de forma individualizada. Com isso é possível uma expectativa real de estabilização do glaucoma, evitando-se a perda visual.   

Dr. Alexandre Simões Barbosa - Médico credenciado da CASU

Oftalmologia - RIS

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